Alunos do 5º ano em sala de aula participando de atividade prática de educação empreendedora com materiais recicláveis e cartazes coloridos

Madre de Deus é uma ilha baiana pequena, de beleza singular e histórias múltiplas. Apesar de ter pouco mais de 19 mil habitantes, sendo o menor município em área da Bahia, sua paixão pela educação e vontade de inovar fazem dela um lugar onde projetos transformadores nascem todos os anos. Um desses projetos ganhou vida quando a professora do 5º ano da Escola Municipal Nossa Senhora Madre de Deus percebeu, inquieta, que havia algo errado nas aulas de matemática: os cálculos não faziam sentido para os alunos. A conexão entre números e cotidiano parecia distante, e a autoestima das crianças caía junto com as notas.

Ao lado das colegas Patricia Reis, Valéria Cruz e Jonahildes Reis, nasceu o projeto "Educação Empreendedora – Jovens que Transformam o Futuro". A proposta? Aproximar a matemática da vida real, integrando-a com educação financeira e empreendedorismo, com atividades que levassem 51 estudantes dos 5º anos B e D, entre 10 e 12 anos, a enxergar o valor dos seus sonhos. No fundo, a ideia era simples:

Matemática é ferramenta de vida.

O projeto mergulhou fundo nos dilemas e desejos dos estudantes de Madre de Deus, e ganhou contornos ainda mais práticos ao ser integrado a ações de formação da rede, que já aposta no ensino em tempo integral para toda a rede municipal (fonte).

Educação empreendedora: além dos números e dos muros da escola

A história começa onde muitos problemas surgem: na sala de aula. Os cálculos abstratos afastavam as crianças do gosto pela aprendizagem. A professora decidiu então mostrar um outro olhar: e se cada um pudesse transformar seus sonhos em projetos reais? Essa mudança ganhou apoio de diferentes experiências, como o Programa Nacional de Educação Empreendedora, que já inspira escolas em outras cidades baianas (exemplo aqui).

No caso de Madre de Deus, o foco foi trabalhar com situações concretas, pensamentos críticos, argumentação, autoestima e autonomia. O caminho escolhido passou por cinco etapas práticas, detalhadas abaixo.

Primeira etapa: “eu tenho um sonho”

O primeiro passo era ouvir. Em uma atividade chamada “Eu tenho um sonho”, cada estudante expressou suas aspirações, desejos e necessidades. Uns queriam montar um negócio na escola, outros sonhavam em ajudar a família, alguns queriam comprar um celular. O curioso é que, ao escrever em seu diário de bordo, muitos passaram a enxergar o valor daquilo que desejavam e como transformar sonhos em metas.

  • Planejamento de produtos ou serviços fictícios
  • Definição de preços a partir de discussões coletivas
  • Produção de argumentos de venda e divulgação

Esse momento inicial mexeu até com quem sempre achava que “não sabia matemática”. Ideias começaram a tomar forma, e as barreiras diminuíram.

Segunda etapa: jogos, reciclagem e prática

A segunda etapa trouxe a brincadeira para a sala. Jogos educativos simulando situações reais, como compra e venda no mercadinho, eram propostos. O diferencial estava nos materiais:

  • Moedas e notas criadas com papel reutilizado
  • Simulação de vendas em feirinhas improvisadas
  • Uso de embalagens que seriam descartadas

Enquanto aprendiam matemática com troco, preço e descontos, os alunos também discutiam sustentabilidade, criatividade e colaboração. Várias atividades vinham sendo relatadas pela mídia nacional, como em projetos que integram matemática e autoestima.

Aprender brincando não perde o valor com o tempo.

Até quem era tímido sentia-se parte do processo, pois os grupos se apoiavam nos desafios propostos.

Alunos montando barracas com produtos recicláveis em feira escolar

Terceira etapa: oficinas criativas e o “empreendedorismo coletivo”

O desafio agora era planejar produtos ou serviços viáveis, com poucos recursos e muita criatividade. Surgiram oficinas em que cada equipe pensava e montava seus itens:

  • Colares de búzios retirados da praia
  • Pulseiras feitas com fitas de roupas antigas
  • Bolsas costuradas com pano reaproveitado

Essas oficinas também focaram em despertar a reflexão sobre sonhos individuais, a importância de planejar e o conceito de empreendedorismo coletivo. Era preciso negociar, ouvir opiniões, assumir desafios em grupo e dividir responsabilidades. Alguns grupos não chegaram a um consenso logo de cara, mas aprenderam o que é trabalhar em equipe de verdade.

A criatividade das crianças superou a falta de recursos.

Quarta etapa: o plano de negócios simplificado

Chegou a fase de desenhar a ‘empresa’. A professora descomplicou o plano de negócios: cada grupo anotou o produto, estimou custos (como pano, colas, laços e, claro, tempo de trabalho) e calculou o preço de venda. No exemplo do brigadeiro, uma equipe identificou ingredientes, soma dos custos, lucro pretendido e fez várias contas para achar o preço por unidade:

  • Lista de ingredientes e materiais
  • Divisão do valor gasto entre itens produzidos
  • Soma dos lucros esperados e possíveis perdas (se tudo não vendesse)

Era matemática aplicada na prática. Pela primeira vez, muitos sentiram orgulho do que estavam fazendo – não pelo valor do lucro, mas pelo resultado do próprio esforço. A proposta era inspirada em outros programas da Bahia, como ações já promovidas pela Secretaria de Educação junto ao Sebrae.

Quinta etapa: divulgação criativa e crítica

Não bastava vender. Era preciso divulgar. A última etapa convidou os alunos a criarem:

  • Cartazes e folders coloridos para promover os produtos
  • “Simulações” de perfis em redes sociais
  • Apresentações em sala, com argumentação e uso de palavras-chave

A etapa trabalhou oralidade, escrita, análise crítica sobre publicidade e até finanças pessoais, como o uso planejado do dinheiro arrecadado para ajudar pequenas causas na escola. O lado curioso é ver como as crianças passaram a olhar as vendas da própria mãe ou tia de outra forma, levando o debate para dentro de casa também.

Alunos criando cartazes coloridos de divulgação em sala de aula

A feira dos jovens empreendedores: superação, orgulho e legado

Quando o projeto chegou ao momento da Feira dos Jovens Empreendedores, a escola se transformou. Barracas improvisadas, produtos expostos em mesas, pais, professores e alunos circulando, comprando e elogiando.

Teve estudante que chegou a tremer de medo na hora de apresentar seu produto. Como o Lucas, que sempre se dizia ruim em matemática, mas enfrentou a insegurança, calculou custos, explicou o projeto e, no fim, sorriu ao ver alguém levando seu colar de búzios.

Nesse momento, o orgulho brilhou mais que o lucro.

Os desafios não foram poucos:

  • Dificuldades com cálculos e contas de cabeça
  • Timidez na exposição pública
  • Falta de recursos para materiais sofisticados

Mas as conquistas ficaram ainda mais evidentes: mais confiança, autonomia, argumentação, consciência financeira e fortalecimento dos laços com a família e a comunidade. Professores reconheceram o impacto positivo, a integração com outros conteúdos e a inspiração para novas práticas pedagógicas.

O projeto provou que criatividade, colaboração e apoio coletivo importam mais do que o saldo financeiro. Estudos sobre educação empreendedora na Bahia mostram que essas habilidades são fundamentais para preparar crianças e jovens para os desafios do futuro.

Contexto ampliado: inspiração e novos rumos

Os resultados saltam aos olhos: alunos mais criativos, participativos, colaborativos, com autoestima fortalecida e vínculos familiares renovados. O projeto deixou um legado para toda a escola em Madre de Deus, inspirando colegas, diretores, familiares e até outras instituições a buscarem novas formas de apoiar sonhos e talentos desde cedo.

Esse tipo de iniciativa encontra respaldo nas tendências do ensino online, como a que a Maestrus apoia, usando ferramentas para gestão, personalização de experiências e capacitação contínua, seja em escolas, empresas ou para profissionais autônomos que querem transformar vidas (veja mais sobre motivos para investir em EAD e como trazer experiências digitais para a educação).

Conclusão: autonomia, criatividade e escola transformada

No menor município da Bahia, um grupo de professores e alunos mostrou que criatividade e união fazem milagres. Educação empreendedora vai muito além de aprender a vender ou calcular lucros. É sobre olhar para os próprios sonhos, reconhecer seu valor e aprender, dia após dia, a construir um futuro coletivo.

Se você se inspirou nessa trajetória de Madre de Deus e acredita na força do ensino prático, saiba que projetos assim podem se multiplicar. E a Maestrus está pronta para ajudar escolas, empresas e educadores a transformar ideias em resultados. Quer inovar na educação à distância com segurança e personalização? Conheça mais sobre nossas soluções e teste grátis por 7 dias.

Perguntas frequentes sobre educação empreendedora em Madre de Deus

O que é educação empreendedora na escola?

Educação empreendedora na escola é um conjunto de práticas que ajudam alunos a desenvolver habilidades como criatividade, resolução de problemas, autonomia e colaboração. Vai além de ensinar a abrir empresas ou vender produtos. Envolve preparar estudantes para terem iniciativa, pensarem de forma crítica e transformarem ideias em ações. Projetos como o apresentado em Madre de Deus mostram como isso pode ser feito de forma simples e integrada ao cotidiano escolar, conectando disciplinas e experiências de vida (veja exemplo aqui).

Como aplicar essas 5 etapas práticas?

Para aplicar as 5 etapas, comece ouvindo seu grupo e levantando sonhos (como no diário de bordo). Depois, traga jogos e brincadeiras que simulem situações do cotidiano, utilizando materiais fáceis de obter, ativando a colaboração entre os estudantes. Nas oficinas, estimule o planejamento criativo com foco em trabalho coletivo. Com o plano de negócios simplificado, ensine cálculo de custos e planejamento de vendas de forma leve. Para a divulgação, incentive a criação de cartazes e apresentações orais. Inspirar-se em relatos de escolas da Bahia pode ser útil (confira experiências aqui).

Quais os benefícios da educação empreendedora?

Os benefícios vão do aumento da autoestima ao desenvolvimento de habilidades práticas para a vida. Os alunos aprendem a se comunicar melhor, argumentar, planejar, colaborar e gerir seus próprios sonhos. Também ganham autonomia, consciência financeira e fortalecem vínculos com família e comunidade. Esses projetos deixam legados tanto acadêmicos quanto pessoais, ajudando no desenvolvimento socioemocional dos estudantes (mais detalhes aqui).

Onde encontrar recursos para educação empreendedora?

Existem diferentes fontes de inspiração e apoio para projetos empreendedores na escola. Além de portais dedicados à educação inovadora, programas de formação, e iniciativas estaduais e municipais (como as disponíveis em políticas públicas do Governo da Bahia), a Maestrus oferece conteúdos sobre empreendedorismo e educação digital em seu blog, com dicas práticas e exemplos reais (conteúdos sobre empreendedorismo e educação corporativa).

Vale a pena implementar este projeto?

Sim! Os resultados, como maior confiança, autoestima, autonomia e envolvimento da comunidade, compensam os desafios. Mesmo com poucos recursos, projetos práticos geram engajamento e aprendizado real. Além disso, deixam um legado para toda a escola e comunidade, fortalecendo relações e inspirando novas práticas. Se o objetivo é preparar crianças e jovens para os desafios do século XXI, vale muito apostar num projeto como esse.

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