Durante minha trajetória na educação, sempre me chamou atenção o poder transformador da música. Desde a pré-história, instrumentos feitos de ossos já nos conectavam aos sons, às emoções e à própria existência coletiva. Jorge Drexler, certa vez, disse que são a música e a dança que nos tornam humanos. E, quando olho para as salas de aula, percebo o quanto essa afirmação faz sentido.
A música como herança da humanidade
Reflito que ao escutar ou praticar música, ativamos uma rede complexa e multifuncional em nosso cérebro. Memória, atenção, linguagem e emoção se cruzam em cada batida ou melodia. Isso não é algo novo: estudos arqueológicos mostram flautas de ossos de mais de 40 mil anos. Sempre que vejo crianças batucando em mesas ou inventando cantigas, reconheço essa ancestralidade pulsando.

Aprendizagem e desenvolvimento integral no ensino musical
O ensino de música, da educação infantil ao ensino médio, vai bem além do conhecimento técnico. Ouvindo e fazendo música, os estudantes amplificam o vocabulário, aprimoram a dicção, fortalecem o raciocínio lógico. Eu já presenciei alunos tímidos encontrando segurança ao cantar ou tocar em grupo, sentindo confiança transbordar para outras áreas da vida.
- Bem-estar e socialização: O trabalho coletivo em atividades musicais aproxima as crianças, desenvolvendo respeito, cooperação e amizade.
- Memória e atenção: Praticar música exige foco em padrões, tempo, ritmo e notas, ativando simultaneamente diferentes áreas do cérebro.
- Expressão emocional: A música dá voz a sentimentos que muitas vezes não cabem nas palavras.
- Formação integral: Combinada com outras áreas, a música estimula criatividade, pensamento crítico e análise de contexto.
"Música ensina até quando parece só emocionar."
A obrigatoriedade da música na escola e seus limites
A consagração da música como componente da formação escolar ganhou um marco em 2008: a Lei nº 11.769 tornou sua oferta obrigatória em toda a educação básica. Em 2025, completam-se 17 anos dessa conquista. No papel, parece simples, mas, na minha experiência analisando escolas e conversando com educadores, vejo um caminho bem tortuoso para ser cumprido de fato.
O cenário de formação é delicado. Em 2023, apenas 621 pessoas concluíram cursos superiores de música em todo o país, número insuficiente diante da demanda. Muitas vezes, professores de diferentes linguagens artísticas são agrupados sob a vaga genérica de “professor de artes”, o que pode deturpar o propósito do ensino de música. Já ouvi relatos de educadores preocupados com essa sobreposição, pois o preparo pedagógico é bem mais amplo que a habilidade de tocar um instrumento:
- Envolve didática diferenciada;
- Envolve psicologia do desenvolvimento infantil e juvenil;
- Exige compreensão das políticas públicas e da legislação educacional.
Desafios enfrentados pelas redes e professores
Descobri que iniciativas como a da ABEM, que atuam em parceria com redes de ensino, buscam ampliar a contratação de professores de música. Entretanto, em vários estados brasileiros, concursos para o cargo específico nem sempre existem. Quando há, são esparsos. Conheço pessoas apaixonadas, com graduação e pós-graduação em música, atuando sob o guarda-chuva amplo do ensino de artes, sem conseguir exercer plenamente o que aprenderam.
A realidade, como já vivi em projetos que acompanhei, é que muitos professores de arte acabam aprendendo recursos musicais para suprir a falta de profissionais especializados. E, na maioria dos casos, vejo que o caminho é tornar a aprendizagem menos teórica, mais lúdica e integrada com práticas como ouvir o silêncio, dialogar com artes plásticas e improvisar com objetos cotidianos.
O impacto de projetos inovadores na prática
Me emocionei recentemente ao conhecer o trabalho do professor Sérgio Castanheira, vencedor do Prêmio Professor Porvir, que atua na Escola Municipal Maestro Pixinguinha. Ele não só ensina música: integra cinema, educação financeira e debates sobre temas sociais. Os alunos produzem videoclipes sobre racismo e descobrem, pela prática, como criar, debater e transformar realidades.
Ao conversar com outros docentes, percebo um padrão: apesar dos obstáculos estruturais, como tempo reduzido, pressão por resultados em português e matemática e falta de recursos para trabalho coletivo, projetos assim revelam que a interdisciplinaridade é possível. Cabe aos educadores enxergar além do obrigatório, dando protagonismo aos estudantes nas escolhas dos temas e incentivando o pensamento crítico.
"Música abre portas para todas as formas de conhecimento."
O papel das políticas públicas e da formação continuada
Ouvi diversos relatos e um deles é o de Carla Rincón, do Brasil de Tuhu, salientando a necessidade de políticas públicas, investimentos e atualização constante. O programa já impactou mais de 77 mil crianças e 1,3 mil educadores em 13 estados, utilizando objetos simples, músicas brasileiras e a experimentação sensorial.
O foco, especialmente na primeira infância, está no brincar com sons, sentir batidas no corpo, ouvir as diferenças regionais. Para Carla, manter essa formação nos anos seguintes é o verdadeiro desafio. Vi professores defendendo menos teoria e mais criatividade, inclusive misturando experiências com outras artes e valorizando atividades como ouvir o silêncio.

Iniciativas de formação e apoio aos professores
Sei que, para suprir a escassez de especialistas, iniciativas gratuitas de formação continuada ganham cada vez mais espaço. Cursos promovidos por organizações como Fundação Itaú, Sou Guri, Escola de Música da Fundação Theatro Municipal de São Paulo e Academia de Música da Osesp trazem métodos práticos, repertórios variados e permitem integração entre disciplinas. Vejo neles oportunidades de aprimoramento, troca e inovação, inclusive para quem já atua no ensino presencial ou plataformas EAD como a Mestres EAD da Maestrus, que buscam expandir o alcance da educação musical sem abrir mão de segurança, personalização ou suporte.
Caminhos para o futuro: criatividade, acesso e integração
Acredito que o fortalecimento do ensino de música passa pelo reconhecimento de sua dimensão integral, técnica, social e emocional. Políticas públicas precisam garantir vínculo entre legislação e prática, estimulando concursos específicos e formação continuada. Incentivar o lúdico, a participação dos alunos nas escolhas e a integração com outras linguagens artísticas pode fazer toda a diferença, como mostram experiências bem-sucedidas pelo Brasil.
No final, apostar no ensino musical é investir em pessoas mais sensíveis, criativas e preparadas para um mundo diverso. Se você deseja conhecer mais sobre soluções para a educação musical, experimentar novas formas de ensinar e aprender, recomendo aproveitar o teste gratuito da Maestrus. Descubra, na prática, como uma plataforma EAD pode transformar a maneira de compartilhar conhecimento, incluindo a música, com segurança e inovação.
Perguntas frequentes sobre ensino de música
O que é ensino de música?
Ensino de música é o processo educativo que aborda a compreensão, a prática e a apreciação musical, podendo incluir canto, instrumentos, percepção, história e criação musical. Ele acontece tanto em escolas regulares quanto em espaços culturais ou por meio de plataformas EAD, como aquelas oferecidas pela Maestrus através do Mestres EAD.
Como a música ajuda na aprendizagem?
A música estimula a memória, a atenção, a linguagem, o raciocínio lógico e contribui para o desenvolvimento socioemocional, além de promover criatividade e bem-estar. Em minha experiência, alunos envolvidos em projetos musicais demonstram maior engajamento e facilidade de socialização.
Quais os desafios do ensino musical no Brasil?
Os desafios principais abrangem a escassez de professores especializados, a falta de concursos específicos para música, condições estruturais limitadas nas escolas e pressões por resultados em outras áreas. Muitas vezes, a disciplina acaba diluída em “artes”, o que dificulta uma formação musical mais aprofundada.
Vale a pena colocar crianças em aulas de música?
Sim, aulas de música fortalecem competências cognitivas, emocionais e sociais. Crianças que vivenciam a música desde cedo desenvolvem autoconfiança, respeito às diferenças e criatividade. Mesmo que a intenção não seja formar músicos profissionais, os benefícios pessoais e acadêmicos são notáveis.
Onde encontrar boas escolas de música?
Boas escolas estão presentes em diversas cidades brasileiras, em projetos culturais, espaços públicos e também online. Plataformas digitais, como a Mestres EAD da Maestrus, trazem praticidade, recursos avançados e segurança para quem busca ensinar ou aprender música, ampliando o acesso para diferentes realidades.