Quando pensamos em grandes mudanças na educação brasileira, quase nunca imaginamos o Piauí como protagonista de um movimento global. Mas é justamente isso que está acontecendo agora. Em 2024, o estado se tornou o primeiro território das Américas a tornar a Inteligência Artificial (IA) disciplina obrigatória no currículo da educação básica, do 9º ano do fundamental à 3ª série do médio. Não por acaso, essa iniciativa inédita rendeu ao programa “Piauí Inteligência Artificial” o Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa, reconhecimento internacional por abordagem ética e inovadora diante de iniciativas de mais de 50 países.
Queremos dividir como esse feito foi possível, quem são os parceiros dessa jornada, quais desafios persistem e o que ele representa para o presente e o futuro da educação – inclusive para quem, como nós da Mestres EAD, acredita na transformação proporcionada pela tecnologia aplicada ao ensino.
O futuro começa agora nas escolas do Piauí.
O prêmio Unesco: reconhecimento global e inspiração
O programa “Piauí Inteligência Artificial” ficou entre os quatro vencedores do Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa em 2024, ao lado de iniciativas na Bélgica, Egito e Reino Unido, recebendo 25 mil dólares, segundo matéria da Agência Brasil. Com isso, deixou sua marca por disputar com 86 projetos de 50 países e destacar-se pela integração ética, acessível e inovadora da IA na escola pública estadual.
O reconhecimento internacional se deve, segundo reportagem do Poder360, ao pioneirismo: nenhum outro estado ou país das Américas havia tornado a IA uma disciplina obrigatória até então. Esse passo sinaliza ao mundo que, mesmo com dificuldades estruturais, é possível desenhar uma trajetória de liderança técnica e ética na educação dos jovens para a era digital.
Como nasceu o programa do Piauí?
A proposta foi construída pela Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc), em parceria decisiva com a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como destaca o Jornal Cidade. Essa articulação permitiu criar um currículo robusto, único e democrático.
- Letramento em dados: aprender a coletar, analisar e interpretar informações digitais, preparando os alunos para um mundo mediado por dados.
- Letramento em algoritmos: desmistificar o funcionamento dos sistemas de IA, permitindo compreensão, uso e reflexão crítica.
- Letramento em modelos: pensar sobre como são criados e treinados modelos de IA, incluindo suas possíveis consequências éticas e sociais.
Esses três eixos estão distribuídos em módulos, e a ética é transversal, presente do início ao fim. Assim, o programa não só ensina ferramental técnico, mas convida alunos e professores a refletirem sobre decisões automatizadas, privacidade, usos e limites da tecnologia.
A escola pública abraça a IA: quem participa?
O alcance é impressionante: mais de 120 mil alunos do 9º ano ao 3º ano do ensino médio estão matriculados para o estudo de IA nas 540 escolas ofertantes em 2024 (dados MeioNews). Mas transformar currículo requer, antes de tudo, preparar quem vai liderar dentro da sala de aula.
Para isso, cerca de 800 professores de diversas áreas, inclusive não tecnológicas, foram formados em um curso híbrido de 60 horas ao longo de oito semanas. Eles contaram com equipe de formadores, tutores, uso do Canal Educação, Microsoft Teams e certificação pela Unipampa. Essa formação foi estruturada para além do domínio técnico: os professores são convidados a adotar um olhar crítico, questionando decisões algorítmicas e refletindo sobre os dados e a criação de modelos.
Interessados em experiências parecidas de mobilização docente podem se aprofundar em conteúdos como a inteligência artificial para professores e planejamento de aulas com IA em nosso blog.

Desafios e dilemas: ensinar IA para todos?
Ao celebrarmos esse feito, precisamos reconhecer um dilema: como promover IA quando parte considerável dos estudantes ainda enfrenta dificuldades em leitura ou matemática básica?
Rodrigo Torres, da Secretaria de Educação do Piauí, insiste que a transformação tem que ser simultânea, e não sequencial. É possível batalhar para superar lacunas históricas sem postergar a introdução de tecnologias disruptivas. Se esperarmos resolver todas as antigas dificuldades primeiro, corremos o risco de perder outro bonde do desenvolvimento.
Uma estratégia eficiente para integrar a IA a outras necessidades foi expandir o ensino em tempo integral. Com mais tempo escolar, projetos interdisciplinares florescem. Um caso inspirador aconteceu no CETI Paulo Freire, em Guaribas: ali, alunos orientados pela professora Amanda Sousa desenvolveram um protótipo de aplicativo para distribuição de sementes a agricultores locais, misturando conhecimentos de IA, biologia e projeto de vida.
A interdisciplinaridade torna o aprendizado de IA um motor de engajamento e sentido para a comunidade escolar.
O resultado está à vista: mais de mil estudantes piauienses foram classificados para a terceira fase da Olimpíada Nacional de Inteligência Artificial, sinalizando engajamento real e apropriação do tema pelos alunos.
Infraestrutura, acesso e próximos passos
Embora 74,9% das 3.699 escolas estaduais estejam conectadas à internet – índice superior à média nacional, segundo dados da Unesco –, ainda é preciso avançar até a universalização do acesso e garantir que todos tenham equipamentos adequados.
- Infraestrutura desigual, principalmente nas áreas rurais e remotas
- Manutenção do padrão de formação docente: novas turmas precisam de acompanhamento e atualização constante
- Garantia de acessibilidade: estratégias para manter o ensino híbrido ativo, mesmo em contextos com poucos recursos
Para quem quer conhecer depoimentos reais sobre o impacto desse programa, o site IA@Escola traz histórias de professores piauienses contando suas experiências com os desafios – e as recompensas – dessa jornada.
Como empresa comprometida com a formação continuada e o ensino a distância, nós da Mestres EAD vemos no Piauí um modelo para outras redes e instituições. Inclusive, reunimos cases de sucesso e reflexões sobre educação a distância para apoiar quem deseja ir além.

IA nas escolas do Piauí: inspiração que atravessa fronteiras
No fim das contas, a experiência do Piauí comprova que a ousadia de inovar pode transformar desafios em conquistas globais. O reconhecimento da Unesco mostra que é possível apostar na ética e na formação docente, mesmo em contextos adversos. É uma lição inspiradora para todos que defendem uma educação mais conectada com o agora, incluindo aqueles que buscam soluções tecnológicas como as que desenvolvemos na Mestres EAD.
Se você acredita no poder dos projetos que unem professores, estudantes e tecnologia, continue acompanhando nossas discussões sobre inteligência artificial e educação. Aproveite para testar nossa plataforma gratuita por 7 dias e descubra, na prática, como as experiências do Piauí podem motivar e transformar também o seu projeto educacional.
Perguntas frequentes sobre a disciplina de IA no Piauí
O que é a disciplina de IA?
A disciplina de IA no Piauí é um componente curricular obrigatório que ensina estudantes a entender, usar e refletir sobre sistemas de inteligência artificial, por meio de três eixos principais: letramento em dados, algoritmos e modelos. Além do conteúdo técnico, aborda questões éticas, sociais e as consequências do uso da tecnologia.
Por que Piauí recebeu prêmio da Unesco?
O Piauí foi reconhecido com o Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa por ser o primeiro território das Américas a tornar a IA disciplina obrigatória em seu currículo e fazê-lo de forma democrática, ética e acessível, combinando ensino presencial e digital, mesmo em áreas com limitações de recursos (veja mais sobre o prêmio).
Quem vai estudar IA nas escolas do Piauí?
Todos os estudantes da rede estadual do Piauí do 9º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio – atualmente, mais de 120 mil alunos – participam da disciplina, em 540 escolas espalhadas pelo estado.
Como a IA será ensinada no Piauí?
O ensino ocorre por meio de aulas regulares, projetos interdisciplinares e atividades híbridas, com professores capacitados em áreas técnicas e não técnicas. A formação docente inclui conteúdos teóricos, práticos e reflexões sobre ética e o impacto social da IA. Em algumas escolas, ações são integradas a projetos reais, como o aplicativo de distribuição de sementes em Guaribas.
Quais benefícios a IA traz para estudantes?
A introdução da IA aumenta o engajamento escolar, motiva a aprendizagem interdisciplinar relevante e prepara os alunos para desafios atuais e futuros. Resultados já aparecem em prêmios, participação de alunos em olimpíadas nacionais e desenvolvimento de projetos que conectam tecnologia, comunidade e vida real.
