Sala de aula moderna com alunos usando tablets e laptops conectados a plataforma ead

Nos corredores escolares brasileiros, não é mais raro ver alunos, professores e funcionários de olho no celular ou manuseando tablets. A presença de computadores e a integração crescente de ferramentas de inteligência artificial na rotina do ensino já são realidade de norte a sul do país. No entanto, esse fenômeno que parece moderno e inédito não é tão recente quanto pensamos.

A discussão sobre o uso de tecnologias digitais nas escolas começou ainda nos anos 1980, quando a internet sequer era considerada ferramenta de trabalho para a maioria dos lares brasileiros. Desde então, vemos um lento deslocamento das práticas escolares em direção a uma convivência – por vezes conflituosa, por vezes inspiradora – com novas ferramentas digitais. Mas será que a escola mudou o suficiente para acompanhar essa revolução? Pensamos, por experiência, que não.

“A tecnologia está em toda parte, mas ainda nos falta reinventar o jeito de ensinar.”

O avanço da tecnologia: mais dispositivos, os mesmos desafios

No cotidiano da sala de aula, computadores, celulares e plataformas digitais passaram a atuar como intermediários ou, algumas vezes, como protagonistas do processo pedagógico. Tablets substituíram lousas. Notebooks tomaram o lugar das apostilas. Aplicativos educativos prometem engajar, avaliar e personalizar a aprendizagem.

No entanto, como alertou Gilberto Santos, pesquisador da UnB, apesar do avanço dos dispositivos e recursos digitais, não nasceram ainda práticas pedagógicas inovadoras que acompanhem o mesmo ritmo dessas inovações. A escola, segundo ele, parece absorver a tecnologia sem conseguir reinventar seu jeito de ensinar e aprender.

Não é apenas uma avaliação isolada. Ao nos debruçarmos sobre dados recentes do setor, percebemos que menos de 50% dos alunos do 2º ano estavam alfabetizados em 2023, uma queda significativa em relação a períodos anteriores. Isso aprofunda o debate: até que ponto a tecnologia realmente amplia caminhos de aprendizagem? Ou ela está apenas mascarando faltas mais profundas e estruturais no nosso sistema escolar?

Alunos usando tablets e notebooks em uma sala de aula

Um panorama das dificuldades: infraestrutura e desigualdade

Por trás de tablets reluzentes e quadros inteligentes, esconde-se um velho problema. Os obstáculos de infraestrutura continuam sendo um peso gigantesco para a escola pública brasileira. Dados divulgados pela Anatel em 2022 mostram que:

  • 2,5% das escolas do país não tinham sequer energia elétrica;
  • 6,8% encontravam-se sem acesso à internet;
  • 33,2% não contavam com laboratórios de informática.

Esses números expõem uma contradição. Embora a discussão sobre a modernização digital avance no debate público, grande parte dos alunos sequer tem condições mínimas para desfrutar dessas possibilidades. Essa diferença se acentua nas periferias urbanas e, principalmente, nas áreas rurais.

Vale lembrar que a pesquisa TIC Educação aponta disparidades gritantes na adoção de tecnologia nas escolas brasileiras. A maioria das instituições está longe de possuir salas de informática operacionais. Muitas ainda enfrentam resistências ou mesmo proibições no uso de internet e celulares. Ao mesmo tempo, sobram cobranças para implementar plataformas de ensino remoto e sistemas escolares digitais, sem oferecer a professores preparo ou suporte necessário.

"A desigualdade digital acirra a exclusão escolar."

A visão dos alunos

Entre os estudantes, o cenário revela expectativas e frustrações. Ana Ponce, da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), resume o sentimento de muitos de seus colegas:

  • Falta infraestrutura básica, como sinal de internet constante e computadores em funcionamento.
  • Equipamentos são, muitas vezes, antigos, lentos ou restritos.
  • O acesso fora da escola, fundamental para acompanhar atividades em plataforma EAD ou aproveitar conteúdos digitais, frequentemente inexiste em lares vulneráveis.

Além disso, há um questionamento legítimo sobre o real impacto dessas ferramentas sobre a aprendizagem. “Nas plataformas, a gente responde quiz quantas vezes quiser até acertar. Será que alguém está realmente avaliando nosso desempenho?”, indaga Ana.

Os professores e o peso do digital

Não é segredo que o ensino remoto e o uso de sistemas educacionais virtuais se intensificaram durante a pandemia. No Paraná, por exemplo, o que começou como adaptação emergencial foi mantido com força até as aulas presenciais, impondo aos educadores o uso de diferentes aplicativos e o cumprimento de metas digitais semanais.

Professor cansado sentado em frente ao computador na escola

Uma pesquisa feita em parceria pelo APP-Sindicato e o IPO revelou dados preocupantes:

  • 91,3% dos professores do Paraná sentem-se sobrecarregados pelas obrigações digitais.
  • 74,3% notam efeitos negativos na saúde física e mental por causa dessas exigências.
  • 78,3% conhecem colegas adoecidos pelo uso intenso das ferramentas tecnológicas.
  • Apenas 16,9% acreditam que os estudantes aprendem mais usando as plataformas digitais. Para 40,3% o ensino piorou.
  • A maioria gostaria que os recursos digitais fossem opcionais, funcionando apenas como apoio ao processo pedagógico, e não como obrigação central.

A pressão pelo uso de sistemas escolares digitais sem formação adequada sobrecarrega os profissionais da educação e pode impactar negativamente a qualidade do ensino. Essa percepção é compartilhada por muitos educadores de todo o Brasil e precisa ser considerada, inclusive quando pensamos na adoção de plataforma EAD como apoio à sala de aula tradicional.

Entre inovação e polêmica: casos de São Paulo e Paraná

O dilema dos livros digitais em São Paulo

Quando a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo anunciou, para 2024, a migração dos alunos do 6º ano em diante para livros didáticos 100% digitais, o debate público esquentou. Para muitos, seria um avanço. Para outros, um erro.

A controvérsia resultou em críticas de professores, estudantes e especialistas, e até mesmo a Justiça Estadual entrou em cena, determinando ajustes no projeto. O que aconteceu ao final? O estado aderiu ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) federal, garantindo:

  • Distribuição de livros impressos baseados no Currículo Paulista;
  • Manutenção dos livros digitais;
  • Inclusão dos livros impressos fornecidos via MEC.

Em nota, a Secretaria estadual destaca que o objetivo é formar jovens preparados para desafios do mercado de trabalho – onde fluência digital é diferencial. No entanto, o desafio está justamente em equilibrar práticas pedagógicas inovadoras com respeito ao tempo e às vivências dos estudantes, sem abrir mão da leitura tradicional e profunda.

"Inovação precisa dialogar com as realidades e expectativas de quem aprende."

O uso intensivo de plataformas digitais no Paraná

No Paraná, como já relatamos, a pandemia acelerou a adoção do ensino virtual. Mas ao invés de servir apenas de ponte para o ensino presencial, as ‘metas digitais’ se mantiveram na rotina. Professores foram instruídos a registrar atividades, presenças e avaliações em múltiplos aplicativos.

O resultado foi um cenário de exaustão e perda de sentido do processo educativo, conforme indicado nos dados da pesquisa APP-Sindicato/IPO.

Sala de professores cheia de telas e papéis, clima de confusão

Ou seja, o uso de plataformas educacionais não é sinônimo de melhor aprendizagem, principalmente quando imposto de forma excessiva, sem apoio prático ou espaço para adaptação. O modelo deveria ser flexível, respeitando a diversidade dos contextos escolares e as necessidades dos alunos e professores.

A tecnologia precisa estar à disposição de todos?

Na visão da presidenta da UBES, Jade Beatriz, “a educação precisa se transformar para ser mais atraente e conectada ao mundo real, mas a tecnologia só cumpre esse papel se for usada com responsabilidade e acompanhada de acesso universal.”

Dessa forma, a equação não pode se resumir a comprar computadores ou adotar plataforma EAD. É preciso garantir:

  • Que todos tenham oportunidade real de acesso (conectividade, equipamentos, suporte técnico e pedagógico);
  • Capacitação robusta e continuada dos educadores;
  • Conteúdos relevantes, com curadoria criteriosa e propósito educacional claro;
  • Proteção dos dados e do bem-estar físico, mental e emocional dos estudantes.

Neste sentido, destacamos a promulgação da Política Nacional de Educação Digital (Pned), sancionada em 2023. A lei foi pensada para garantir principalmente:

  1. Inclusão digital das populações mais vulneráveis;
  2. Articulação entre governos federal, estaduais e municipais;
  3. Formação e treinamento de professores em competências digitais;
  4. Promoção de conectividade segura para crianças e adolescentes;
  5. Proteção e uso ético dos dados escolares.

É um avanço relevante, porque define ações de capacitação, especialização e pesquisa em tecnologias da informação. Isso evita improvisos e estabelece um caminho para transformar potencial em práticas reais.

O papel das plataformas EAD personalizadas

“Plataforma digital só transforma se incluir, orientar e personalizar.”
Se há uma experiência que valorizamos, é a de construir soluções educacionais capazes de respeitar a diversidade do sistema escolar brasileiro. Na Maestrus, desenvolvemos plataformas personalizadas para que escolas, universidades, empresas e organizações sociais possam criar, controlar e oferecer conteúdos digitais adaptados a diferentes perfis de alunos e professores.

Uma plataforma EAD deve ser acessível, fácil de usar, segura, protegendo dados e respeitando a autonomia do educador. Oferecer suporte rápido, integração com ferramentas de vídeo, emissão automática de certificados e configuração de combos de cursos são exigências cada vez mais comuns, e baseiam-se justamente nas necessidades de um sistema escolar moderno, diverso e plural.

Tela de plataforma EAD escolar com cursos e relatórios

A restrição dos dispositivos: o caso do Rio de Janeiro

Se em muitos estados a discussão é sobre ampliar o uso da tecnologia, no Rio de Janeiro o eixo gira em torno do controle e da restrição. Um decreto municipal determina que celulares devem ser guardados durante o horário escolar, só podendo ser usados em atividades autorizadas pelo professor. É uma resposta à preocupação com o uso indiscriminado dos dispositivos e aos alertas do relatório da Unesco que apontam para:

  • Aumento de ansiedade e quadros de depressão no público jovem por exposição excessiva a telas;
  • Dificuldades de autocontrole e dispersão durante as aulas;
  • Fragilidade das relações interpessoais e prejuízo ao bem-estar emocional.

A legislação municipal está alinhada a regras estaduais, buscando incentivar o uso consciente e monitorado dos dispositivos pessoais nas escolas. Para o ambiente escolar, poder guardar os celulares quando não são necessários representa uma forma de resgatar a atenção, promover o engajamento coletivo e cultivar o respeito às trocas presenciais.

A tecnologia como apoio, nunca substituto

A coordenadora da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, costuma frisar um ponto fundamental: a tecnologia pode ampliar acesso à informação e fomentar debates, mas não substitui o professor nem o convívio social.

  • O uso de livros digitais deve ser equilibrado com materiais impressos;
  • A leitura profunda, em papel, reforça o aprendizado crítico e reflexivo;
  • O ambiente virtual é um recurso complementar, não um fim em si mesmo.

Compartilhamos dessa visão de equilíbrio, buscando ir além de modismos. O sistema escolar, ao adotar recursos de educação a distância, precisa perguntar: para quem? Como? Por quê?

"Não existe tecnologia milagrosa. Existe escola viva e consciente."

Dados globais e políticas de inclusão digital

O cenário brasileiro é espelho de um desafio global. Segundo dados amplamente apresentados pela Unesco, apenas 40% das escolas primárias, 50% das escolas do início do ensino médio e 65% das escolas avançadas possuem acesso regular à internet ao redor do mundo. 85% dos países desenvolveram políticas nacionais para ampliar inclusão digital, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Metade da escola moderna com internet e metade antiga sem estrutura

O Brasil avança, porém de forma desigual. Estados e municípios experimentam regras, projetos-piloto, novos sistemas digitais, cursos online e tentam equilibrar inovação com tradição. O que vemos é o surgimento de redes de ensino capazes de, gradativamente, construir um modelo próprio de educação digital, mais conectado à sua realidade.

Política Nacional de Educação Digital: o que muda?

A Pned (Política Nacional de Educação Digital) é uma aposta para corrigir distorções e criar uma base mais sólida para o tema, especialmente nas regiões menos assistidas. O programa reúne esforços para:

  • Dar acesso à conectividade para comunidades vulneráveis;
  • Oferecer capacitação continuada para profissionais da educação;
  • Promover campanhas de proteção de dados infantojuvenis;
  • Financiar laboratórios de informática e fortalecer a presença digital na escola pública.

Com isso, as escolas podem contar com linhas de apoio para adquirir equipamentos, treinar professores e implementar sistemas EAD ou híbridos sem improvisos. É uma oportunidade de alinhar o sistema escolar com o século XXI, respeitando as realidades e limitações de cada território.

Caminhos possíveis e estratégias no Brasil

Inspirados por debates e experiências que acompanham a transformação digital da educação, entendemos que não existe um modelo único para o uso de tecnologia nas escolas. Cada rede, cada município, cada gestor constrói o seu percurso entre inovação e prudência.

Podemos, porém, elencar algumas estratégias que vêm ganhando força para tornar o sistema escolar mais justo, eficiente e próximo da realidade dos estudantes:

  1. Educação para o uso consciente: cada vez mais, escolas criam projetos de orientação digital, que focam em habilidades como o autocontrole, segurança de dados, colaboração online e uso responsável de dispositivos. Essas ações incentivam protagonismo e prevenção de riscos.
  2. Capacitação continuada dos educadores: cursos online, comunidades virtuais e oficinas presenciais propiciam trocas de experiências e atualização constante, fortalecendo o domínio sobre ambientes digitais. Inclusive, a capacitação docente em EAD tornou-se prioridade em diversos estados.
  3. Ambientes de aprendizagem híbridos: soma-se aprendizado presencial e virtual, aproveitando o melhor dos dois mundos. A plataforma EAD, como a que desenvolvemos na Maestrus, pode ser usada como apoio, não substituição da rotina escolar.
  4. Monitoramento e avaliação crítica: não basta instalar sistemas digitais. É preciso avaliar resultados, ouvir professores e alunos, registrar avanços e dificuldades. Só assim, políticas públicas podem ser ajustadas à realidade de cada escola.
  5. Inclusão digital e social: programas de doação de equipamentos, bolsas de acesso à internet e parcerias comunitárias são exemplos de como espaços vulneráveis podem ser alcançados pelas inovações.
Crianças usando tablets para estudar em escola rural

Conclusão: diálogo, equilíbrio e propósito

Ao longo das últimas décadas, vimos a tecnologia transformar nossa forma de viver, trabalhar e consumir informação. Na educação, ela desafia velhas certezas e convida professores, estudantes e gestores a reinventar processos.

Não existe solução mágica, pronta ou transferível na adoção de tecnologia nas escolas. Os exemplos de São Paulo, Paraná e Rio mostram, cada um a seu jeito, os limites e possibilidades dessa jornada.

O que permanece como verdade é que a tecnologia nunca deve substituir o papel social da escola, nem o vínculo humano fundamental ao aprendizado. Ela deve ser ponte, não muro.

Por isso, desenvolvemos nossas soluções de plataforma EAD e sistemas digitais alinhando segurança, flexibilidade e personalização às necessidades reais dos educadores e dos alunos. Acreditamos em ambientes conectados, acessíveis e humanos.

Convidamos você a conhecer na prática como a Maestrus pode contribuir com sua escola ou projeto: experimente nossos recursos digitais, participe da transformação e ajude a desenhar o futuro da educação brasileira.

Perguntas frequentes

O que é um sistema LMS?

Um sistema LMS é uma sigla para 'Learning Management System', ou Sistema de Gestão da Aprendizagem. Esse ambiente digital, como o que oferecemos na Maestrus, serve para organizar, distribuir e acompanhar conteúdos educacionais. Ele permite que professores e gestores criem turmas, lancem atividades, monitorem o progresso dos alunos e emitam certificações, tudo de forma automatizada e segura.

Como funciona uma plataforma EAD escolar?

Uma plataforma EAD escolar é um espaço digital onde alunos, professores e gestores interagem, acessando conteúdos, realizando atividades e avaliando desempenhos à distância ou em modelo híbrido. Geralmente, a plataforma organiza cursos por disciplinas, disponibiliza videoaulas, textos, fóruns, quizzes e relatórios. Ela pode integrar outros aplicativos, personalizar trilhas de aprendizagem e gerar relatórios automáticos para facilitar o acompanhamento escolar.

Vale a pena adotar tecnologia nas escolas?

Não existe resposta definitiva, mas a adoção de tecnologia traz muitas oportunidades, desde que seja planejada e alinhada ao contexto de cada escola. Quando usada com equilíbrio, transparência e foco pedagógico, plataformas EAD e sistemas digitais podem ampliar o acesso à informação, flexibilizar o ensino e enriquecer trocas entre alunos e professores. No entanto, é preciso garantir infraestrutura, formação docente e utilização consciente dos recursos.

Quais são as melhores plataformas EAD para escolas?

As melhores plataformas EAD para escolas são aquelas que unem facilidade de uso, segurança, personalização e suporte ágil. É importante que atendam necessidades específicas da educação formal: integração com ferramentas de vídeo, emissão de certificados, relatórios detalhados, controle do progresso dos estudantes e respeito à LGPD. Nos esforçamos continuamente para que a Maestrus seja referência nesses quesitos, com soluções adaptadas à realidade brasileira.

Quanto custa implementar um sistema escolar digital?

O custo de um sistema escolar digital depende da estrutura da escola, do número de usuários, opções de personalização e recursos contratados. Há soluções acessíveis com mensalidade baseada no número de alunos, além de opções gratuitas e testes sem compromisso. O mais relevante é planejar o investimento levando em conta o suporte técnico, atualização, treinamento de equipe e segurança dos dados.

Equipe de suporte de plataforma EAD auxiliando professores online

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