Sala de aula moderna com estudantes do ensino médio aprendendo sobre inteligência artificial em computadores

Na minha experiência acompanhando transformações no ensino, são poucas as iniciativas públicas que rompem barreiras e vão além do esperado, arrastando consigo reconhecimento internacional. Só que foi exatamente o que vi acontecer com o “Piauí Inteligência Artificial”, vencedor do Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa em 2025. O anúncio na Universidade do Bahrein colocou o Brasil no topo de uma lista de 86 concorrentes de mais de 50 países. Isso não acontece todo dia.

Cada um dos quatro programas reconhecidos – do Piauí, Bélgica, Egito e Reino Unido – recebeu US$ 25 mil pelo avanço em educação e inteligência artificial, cada um com sua proposta específica (dados oficiais do MEC). O que me chama atenção é que o Piauí foi o primeiro das Américas a tornar a disciplina de IA obrigatória na educação básica, do 9º ano do ensino fundamental até a 3ª série do médio, atendendo cerca de 120 mil estudantes. Tal pioneirismo já tinha sido reconhecido também em Paris, em 2024, durante a Semana da Aprendizagem Digital promovida pela própria Unesco.

Premiação internacional do programa Piauí Inteligência Artificial

Como o programa Piauí Inteligência Artificial foi construído?

Sempre fico curioso para entender como projetos inovadores assim nascem. No caso do Piauí, não foi um esforço isolado. Foi resultado de uma parceria forte entre a Secretaria da Educação piauiense, UFRGS, Unipampa, IFFar, UFPI, Ministério da Educação, Secretaria de Inteligência Artificial e o Google. Pudera: a riqueza do programa chamou atenção do júri da Unesco justamente por seu formato curricular. O foco não era só tecnologia bruta ou modismos, mas um equilíbrio entre:

  • Letramento de dados – ensinar como interpretar, questionar e usar dados;
  • Letramento de algoritmos – explicar o raciocínio lógico e a mecânica dos sistemas baseados em IA;
  • Letramento em modelos – entender como as máquinas aprendem e operam.

Essas bases uniam teoria, prática, e, o mais importante para mim, ética – tema presente em todos os módulos. Isso ficou claro na exposição detalhada feita pelo júri: o projeto é abrangente, inclusivo e “empodera educadores” ao integrar disciplinas tradicionalmente separadas. De fato, quando li sobre os tópicos trabalhados, percebi como são questões do mundo real: curadoria de dados, aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural, sempre com um olhar crítico, consciente dos impactos sociais e culturais da IA.

Sala de aula em escola pública do Piauí com alunos e professora, projeção de conteúdo de IA na lousa

Quais são os eixos centrais do programa?

Me chamou a atenção a divisão didática em dois grandes eixos, capazes de tornar o ensino mais reflexivo:

  • Pensar com a IA” – parte ligada à aplicação tecnológica, ao uso direto das ferramentas, desde programação até robótica e análise de dados. Aqui os alunos aprendem a criar, não só consumir tecnologia.
  • Pensar sobre a IA” – etapa voltada para compreensão dos mecanismos internos, os porquês, as limitações e consequências da IA no mundo real. Esse é o espaço para debates éticos, sociais e até filosóficos.

A proposta, segundo relatos que acompanhei, é que esse equilíbrio dê ao estudante uma base sólida tanto para quem quer seguir carreira tecnológica quanto para quem deseja apenas entender o novo mundo digital.

Como se dá a formação de professores?

Este, para mim, é o pulo do gato do programa. Mais de 800 docentes, de áreas diversas, passaram ou estão passando por um treinamento intenso chamado SeducIA, estruturado assim:

  • 60 horas de curso em oito semanas, modalidade híbrida;
  • Certificação reconhecida pela Unipampa;
  • Plataformas Canal Educação e Microsoft Teams como base para interações;
  • Equipe de formadores, tutores e supervisores que oferece suporte ativo.

Um detalhe é que não só professores de exatas foram contemplados: docentes de todas as áreas podem participar. Isso, acho, ajuda a evitar a visão tecnicista da IA, inserindo o tema no contexto humano. Fora isso, em maio, 21 professores multiplicadores, representando as GREs, foram treinados para orientar e acompanhar os novos formandos, garantindo o efeito cascata do programa (informações detalhadas do MEC aqui).

O que os alunos estão produzindo?

Às vezes, os resultados mais marcantes são os que nascem nos lugares mais remotos. O caso dos alunos do CETI Paulo Freire, em Guaribas, me emociona um pouco. Eles, orientados pela professora Amanda Sousa, criaram um protótipo de aplicativo capaz de catalogar e distribuir sementes a agricultores familiares. IA, biologia, aprendizado de máquina e projeto de vida, tudo junto, ajudando quem vive sob tensão econômica e seca. Mostra que a tecnologia pode ser útil até mesmo no sertão, e não só nos grandes centros (caso citado na Seduc-PI).

Ideias de alunos do interior podem transformar realidades locais.

Além disso, professores do Piauí já relatam estudantes classificados para a terceira fase da Olimpíada Nacional de Inteligência Artificial. Foram mais de mil alunos nessa etapa, outro indicativo de que o ensino vai além do básico (notícia na Seduc-PI).

Desafios e próximos passos

Nem tudo é simples ou funciona do dia para a noite. Sei bem que um dos desafios principais apontados pelo próprio programa diz respeito à expansão e à garantia de qualidade. Não basta formar professores: é preciso manter a formação continuada, ajustando o material pedagógico, ouvindo o retorno dos alunos e docentes e ampliando a infraestrutura.

Hoje, dados oficiais mostram que 74,9% das 3.699 escolas do Piauí dispõem de acesso à internet – índice acima da média nacional. Isso é animador, mas ainda há lacunas relevantes em conectividade e disponibilidade de equipamentos, em especial nas áreas rurais ou afastadas (dados de CartaCapital). Em minhas leituras, percebi ainda que o estado passou da nona para a quarta posição nacional no ensino médio, liderando no Nordeste, o que tem relação direta com o amplo investimento em tempo integral, profissionalização e projetos como este de IA.

IA no ensino e no mundo digital

Eu acredito, especialmente pelo que acompanho no Blog da Maestrus sobre IA, que a tecnologia, quando bem aplicada, possibilita saltos educacionais sólidos e inclusivos. A proposta do Piauí casa bem com plataformas como a Maestrus, já que unir segurança, personalização e suporte humanizado no universo do ensino a distância faz toda diferença – principalmente quando se fala em formação de professores e gestão de cursos de tecnologia, como materiais sobre IA para professores e educação a distância mostram.

E para os educadores que buscam inovar, entender mais sobre planejamento de aulas com IA pode ser um grande diferencial. Já para empresas e escolas que querem se aprofundar em educação corporativa, vale conferir os conteúdos específicos da Maestrus sobre o tema.

No fim das contas, o case do Piauí ilustra que ética, tecnologia e inclusão podem caminhar juntos – e transformar o ensino público brasileiro.

Conclusão

A vitória do programa Piauí Inteligência Artificial no Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa escancara o potencial do ensino público brasileiro quando há visão, parcerias sólidas e compromisso com a formação crítica e cidadã. Não é só uma vitória regional ou uma pauta de inovação, mas sim um exemplo para o país inteiro. Eu acredito que, com plataformas adaptáveis, suporte continuado e integração de temas como IA no currículo, podemos multiplicar projetos assim, personalizando o aprendizado para a realidade de cada aluno e cada escola. Se você quer experimentar o que a tecnologia pode fazer pela educação a distância, recomendo conhecer e testar gratuitamente a plataforma Maestrus – é um passo concreto para transformar o ensino, assim como fizeram tantos mestres e alunos piauienses.

Perguntas frequentes sobre o Programa Piauí Inteligência Artificial

O que é o Programa Vencedor da Unesco?

O Programa Piauí Inteligência Artificial é uma iniciativa pioneira no Brasil, reconhecida internacionalmente por integrar o ensino de inteligência artificial à educação pública básica, destacando-se por sua abordagem ética e formativa, e premiado pela Unesco em 2025.

Como a IA é usada na educação no Piauí?

No Piauí, a IA foi transformada em disciplina obrigatória do 9º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio, abrangendo conteúdos de letramento de dados, algoritmos, modelos e ética digital, combinando teoria e prática para preparar alunos para o futuro digital.

Quais são os benefícios desse programa?

O programa oferece formação docente abrangente, promove pensamento crítico sobre tecnologia, amplia oportunidades para estudantes – especialmente em áreas remotas –, melhora índices educacionais e incentiva projetos que unem conhecimento técnico e impacto social.

Como participar do programa em Piauí?

Docentes das escolas públicas do Piauí podem se inscrever nos processos formativos promovidos pelo SeducIA e, após treinamento, aplicar a disciplina em sala. Alunos do ensino fundamental e médio de escolas da rede automaticamente participam, recebendo o conteúdo em suas grades curriculares.

Onde encontrar mais informações sobre o programa?

Mais detalhes estão disponíveis nos portais oficiais da Secretaria de Educação do Piauí, do Ministério da Educação e em reportagens citadas neste artigo. Para entender como aplicar tecnologia e IA no ensino a distância, recomendo explorar também os conteúdos e soluções da Maestrus.

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